Especialistas em educação e negócios explicam o que as universidades e o mercado de trabalho esperam desses jovens
Estima-se que cerca de 2,5 milhões de estudantes concluam o ensino médio anualmente no Brasil, de acordo com o Censo Escolar 2023. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), também divulgados em 2023 pelo IBGE, apontam que 91,9% dos jovens entre 15 e 17 anos frequentam a escola.
Com o término da segunda etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e a aproximação do fim do ano letivo, os estudantes do 3º ano encaram dois caminhos principais: o ingresso na universidade ou a entrada no mercado de trabalho.
Mas, em uma era de aprendizado contínuo e diante das especificidades da Geração Z (nascida entre 1996 e 2009), marcada pela digitalização e por rápidas mudanças sociais e tecnológicas, o que as universidades e o mercado de trabalho esperam desses jovens?
Ribamar Monteiro, diretor de ensino do Colégio Vila, explica que a Geração Z é caracterizada por um perfil mais intuitivo e natural no uso de dispositivos eletrônicos, redes sociais e inteligência artificial, e tende a ser significativamente impactada pelas tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, a realidade aumentada e a Internet das Coisas.
“Com 30 anos atuando no setor educacional, noto uma mudança nas aspirações dos jovens de hoje, que estão cada vez mais conectadas à tecnologia e à inovação”, ressalta.
As escolas se reinventaram
Para acompanhar essas transformações, as escolas têm adaptado suas práticas pedagógicas. “Quando falamos de IA e de futuro, é essencial integrar essas novas ferramentas ao planejamento pedagógico, beneficiando tanto o aprendizado dos alunos quanto a atuação dos professores e, nos últimos anos, percebemos que, além da tecnologia, temas como empreendedorismo e educação financeira se tornaram disciplinas indispensáveis. Isso porque estudantes expostos a esses temas desenvolvem uma visão prática e proativa do futuro, chegando ao mercado de trabalho ou à universidade com uma vantagem estratégica. Mas o processo educacional vai além”, afirma Ribamar Monteiro.
O diretor explica que o mundo atual exige outras habilidades, as chamadas soft skills. “Essas são competências interpessoais e emocionais que determinam como uma pessoa se relaciona com os outros, resolve problemas e lida com situações do dia a dia. No Colégio Vila, essas habilidades são priorizadas, com educação socioemocional, princípios cristãos, incentivo à cultura olímpica, musicalização, programa bilíngue e a integração com a família. Esse suporte completo é essencial para preparar o aluno para o mundo globalizado, atendendo às exigências de universidades que procuram estudantes mais bem preparados e com foco em seus objetivos de vida”, destaca Ribamar Monteiro.
Universidade e mercado de trabalho: um não anula o outro
A busca pelo diploma continua sendo o sonho de grande parte dos estudantes, mas um dos traços marcantes da Geração Z é seu espírito empreendedor. Por isso, muitos jovens cursam as universidades e, ao longo da jornada profissional, abrem seus próprios negócios.
Paulo Junior, consultor de negócios da PJI Consulting, observa que essa tendência reflete o interesse da geração em explorar novas ideias e buscar alternativas inovadoras ao mercado de trabalho tradicional. Além disso, o desejo por autonomia e flexibilidade nas carreiras leva esses jovens a valorizar o aprendizado constante e a experimentar novas possibilidades profissionais.
“Essa geração se mostra destemida e não se prende a cargos fixos; o que a motiva é a experiência. No entanto, a mentalidade digital, inovadora, empreendedora e de carreira precisa ser desenvolvida continuamente, desde a educação básica ao ensino médio, ultrapassando a universidade e seguindo dentro do próprio mercado de trabalho. A formação educacional é contínua, e quando há uma base sólida, as oportunidades de aproveitamento são muito maiores. No final, essa base curricular forte fortalece tanto o espírito empreendedor quanto o preparo para o mercado”, afirma o consultor.
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