Colégio Vila

Especial: Rossandro Klinjey explica como os pais podem auxiliar os filhos na escolha da carreira

Jornada das Profissões trouxe palestra especial para pais e alunos 

Nesta semana, o renomado psicólogo, professor e palestrante Rossandro Klinjey participou da programação de encerramento da 1ª edição da Jornada das Profissões do Colégio Vila. Em meio às atividades, Rossandro conversou com a nossa equipe e falou um pouco mais sobre a importância deste tipo de projeto pedagógico com os estudantes do ensino médio. 

Boa leitura! 

Colégio Vila: Professor Rossandro, como o senhor avalia a importância da realização do projeto Jornada das Profissões? 

Rossandro Klinjey: É enriquecedora qualquer experiência em que as pessoas trocam suas vivências, e quando isso ocorre em um ambiente escolar, torna-se ainda mais especial. A escolha de uma carreira é uma fase da vida repleta de sonhos e, muitas vezes, fantasias sobre as profissões futuras. 

Estamos vivendo em uma sociedade que busca intensamente a visibilidade do status social, algo que não é novo, mas a necessidade de demonstrar sucesso nas redes sociais tem afastado as pessoas da busca pela realização pessoal, que, em muitos casos, é o fator que leva ao “topo”. Por isso, conversar com alguém que já está vivendo o sonho de uma carreira é algo enriquecedor e importante.

Colégio Vila: Como os pais e outras pessoas do círculo social podem ajudar (ou, ao menos, não atrapalhar nesse momento) na escolha da profissão?

Rossandro Klinjey: Quando eu dizia às pessoas que iria estudar Psicologia, algumas delas me olhavam mais com uma expressão de ‘isso não dá dinheiro’, do que com a ideia de que eu tinha as competências para ser um bom profissional e contribuir com meus pacientes e a sociedade. Se eu tivesse dito, lá atrás, que abriria uma empresa de Educação Socioemocional para ser implementada em escolas, talvez tivesse sido considerado louco.

Essa fase da vida trata mais das nossas competências e da nossa capacidade de contribuir socialmente. Por isso, gostaria muito de mostrar aos pais o quão importante minha mãe foi na formação das minhas habilidades e como o apoio dela, sem pressão ou comparação, me deu segurança para seguir em frente e sempre fazer o meu melhor.

Especialistas em carreira apontam que muitas das profissões mais requisitadas nos próximos anos ainda nem existem, mas os profissionais que ocuparão esses cargos já estarão no mercado, e podem ser seus filhos em transição de carreira. A escolha feita hoje pode ser a ponte para outra carreira amanhã, e isso pode acontecer muito em breve.

Colégio Vila: Como os jovens estudantes podem superar a barreira do medo e da insegurança nesse momento de escolha de carreira, e possível pressão dos pais?

Rossandro Klinjey: Os pais precisam ajudar, focar no suporte emocional. Quantos jovens, durante a aplicação do Enem, sentem que seu maior desafio é superar o medo dos pais diante de um resultado que não atenda às expectativas?

Os pais precisam entender que, se o momento provoca ansiedade e preocupações, devem avaliar como isso afeta seus filhos. É importante compreender que seus filhos são pessoas diferentes de você, e é natural que façam escolhas de cursos ou áreas diferentes daquelas que você imagina que eles devam seguir.

Libertem-se do medo do julgamento e da comparação que seus amigos fazem entre seus filhos e os filhos deles. Lembra daquele momento em casa em que seus filhos chegavam e pediam para sair para algum lugar, mas você negava e a argumentação deles era: ‘Todo mundo vai’? E você os lembrava que eles não eram todo mundo? Eles continuam não sendo todo mundo, e é por isso que fazem escolhas diferentes.

Se eu pudesse ilustrar o apoio que deve ser dado, seria como quando uma criança precisa subir em uma árvore. Para ajudar seu filho a ir mais alto, você não escala por ele; você o orienta, diz como fazer e oferece um “calço”, como um apoio feito com as mãos. Seu filho, confiando em você como base e segurança, usa esse suporte (feito por suas mãos) colocando um pé, uma mão apoiada em seu ombro, e a outra na árvore (o objetivo). Com o outro pé ainda no chão, ele usa sua própria força para se impulsionar e subir na árvore. Seu filho faz isso porque conta com seu apoio e segurança, sabendo que ele precisa fazer sua parte e que exige esforço, mas ele vê o destino, explora a árvore, sabendo quem é seu alicerce: você.

O que vejo com mais frequência são pais que, no medo de seus filhos não se tornarem o que eles projetaram ou no desejo de realizar seus sonhos mais frustrados, os colocam em uma espécie de “canhão humano”, como aqueles de circo, onde alguém é lançado ao ar, virando a atração e chamando a atenção de todos. Mas na maioria das vezes, o que os espera é a queda, pois eles foram lançados em meio a sonhos que não lhes pertenciam e em caminhos pelos quais não lutaram para percorrer. Isso gera pessoas frustradas que, infelizmente, voltam e culpam esses pais que, na sua ignorância, agiram achando que isso era amor.

Amar um filho requer a habilidade mais difícil de todas: reconhecer que eles são indivíduos únicos e não uma extensão de si mesmos.

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